Este ano a minha preparação começou bastante mais cedo do que o normal, a 10 de Outubro para ser exacto, quando o normalmente se iniciaria em meados de Novembro. O motivo é o simples facto de existirem provas internacionais na época de 2012 que também começam mais cedo. É necessária a participação nessas provas por um lado para conseguir conquistar mais pontos para o ranking internacional (que irão também para o ranking Olímpico) e por outro para impedir que outros atletas estrangeiros pontuem para o seu ranking.
A minha preparação tem consistido em treinos diários e bidiários (duas vezes por semana), consistindo em cerca de 2/3 horas de treino de bicicleta de manhã (maioritariamente de estrada) e 1 hora e meia de ginásio, excepto ao fim-de-semana em que faço acima de 4 horas a pedalar. No início tive alguns atrasos na preparação devido a duas fortes constipações fazendo-me parar nessas ocasiões, com o tempo tenho vindo a aprender que nestes casos mais vale deixar o corpo recuperar sem carga de treino. Com estas situações resolvidas voltei a treinar com regularidade e os meus indicadores de forma também têm vindo a melhorar.
O treino mais longo que fiz foi uma travessia de Tróia a Sagres, com a extensão de 204km, que foram percorridos em 5h 44min. Este é um indicador que utilizo desde o ano passado par ver como está a minha endurance e se tenho algum problema nos joelhos (ou seja, se aguentar quase 6 horas a pedalar a um bom ritmo, é uma segurança para mim de que está tudo bem). Ultimamente, e como ia competir dia 1 de Janeiro na Turquia, aumentei mais o tempo de treino na bicicleta de BTT em detrimento da de estrada e fiz menos ginásio, uma vez que os treinos na bicicleta eram também muito mais intensos.
Fui então para Alanya no dia 30 de Dezembro, com a prova a ser dia 1. Fui integrado como atleta de Selecção Nacional, pelo que fui acompanhado pelo seleccionador o que ajudou em muito. Acabámos por chegar um pouco em cima, pois com estas viagens convém descansar o mais possível, mas havia que fazer contas ao orçamento.
No sábado acordei para um dia de chuva intensa, esperando que não se repetisse Domingo, dia da prova. As sensações físicas eram muito boas, afinal tinha trabalhado para isso... mas em provas com muito frio e chuva o meu corpo parece que não reage da mesma forma.
Acabou por ser a passagem de ano mais estranha que tive... às 23h estava na cama pois no dia seguinte havia uma prova importante e são estes pequenos sacrifícios que fazem grandes diferenças. No dia 1 estava um frio que não dá para explicar, aliado a forte chuva... Chegámos a pensar que a prova seria anulada. Os comissários turcos, advogando que não tinha pontos UCI, puseram-me a partir de trás. Isto é verdadeiramente ridículo pois sendo Campeão Nacional tenho logo 110 pontos, sem contar os que ganhei noutras provas e especialmente os que conquistei no país deles (devem-se ter lembrado disso). Essa decisão acabou por não me afectar pois a zona de partida era larga e dava para ultrapassagens.
Parti para a prova já a tremer de frio, não sentia nem as mãos nem pés. Fiz uma prova de trás para a frente terminando no 3º lugar a menos de 30 segundos do austríaco Alexander Gehbauer, vencedor de duas provas da Taça do Mundo em sub23. Acabei a prova em hipotermia, tiveram mesmo de me ajudar a tirar os sapatos pois não conseguia tirar os apertos destes.
Acabei por cumprir o meu objectivo. Agora segue-se mais um período de preparação para as próximas competições.
David Rosa - Tri-Campeão Nacional Elite de XCO; Bi-Campeão Nacional Elite de Rampa
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